By Guilherme Reis, jornalista
Segundo livro de poemas do escritor, professor e acadêmico Décio Torres Cruz, “A poesia da matemática” (Caravana, 2024) representa, do ponto de vista temático, uma mudança em relação ao primeiro, “Paisagens interiores” (Patuá, 2021). No entanto, é fácil reconhecer a voz do autor emergindo entre as linhas da nova obra, com uma consistência da qual só são capazes os autores experientes, que manuseiam com plena consciência suas ferramentas de carpintaria poética.
Marcando o retorno de Décio ao verso, após os contos de “Histórias roubadas”, (Penalux, 2022), “A poesia da matemática” de imediato chama a atenção pelo título, ao unir dois conceitos que, aparentemente, são de naturezas distintas. Lançado em Salvador, Bahia, em 23 de maio, em um prestigiado evento no Instituto Cultural Brasil-Alemanha (Instituto Goethe de Salvador), o livro nos mostra que a poesia pode espocar das coisas mais improváveis, bastando-nos somente atenção suficiente para percebê-la.
O poema que dá título à obra explica:
“Um dia perguntaram a um poeta / se haveria poesia na matemática. / Prontamente, ele sugeriu, em tom de profeta: / Imaginem uma raiz quadrada axiomática / cuja própria ideia é pura poesia / traduzida em uma letra V, em harmonia, / com um braço cortado e outro levantado / para puxar um traço aéreo alado. // Ela acolhe números em suas bases radicais / e nos ápices de seus índices verticais. / E lembra o desenho de uma forca e seus ais nos jogos infantis de nossos. //”
Por sua vez, “O charme das formas geométricas” busca a transcendência artística em ideias dependentes de regras extremamente fechadas:
“A geometria estuda as formas / classificadas em planas e não planas. / Formas geométricas são os formatos, sem normas, / das coisas que observamos, não arcanas, / constituídas por um conjunto de pontos, sem reformas. // As formas planas classificam-se em polígonos / e não polígonos. // Polígonos são figuras planas fechadas / delimitadas por segmentos de reta, / que são seus lados, unidos de forma concreta. //”
No texto de apresentação, o editor da Caravana, Leonardo Costaneto destaca a “beleza da palavra certa ao lirismo que há na matemática, com sua complexidade e história, o que talvez nos afaste dela por vezes, assim como da própria literatura, linguagem universal dos homens, que sonham e fabulam. […]” “E aqui temos, em A poesia da matemática, um passeio pelos jardins do mundo antigo que convida o novo a nele se misturar, na medida em que cruzamos a ponte dos milênios em direção ao divino que reside na literatura, na música, nas artes; na perfeição da matemática que eleva aos deuses”, escreve.
Entremeados por diversas fotografias feitas pelo próprio autor, os poemas têm a capacidade de despertar a simpatia pelos números e pelas fórmulas matemáticas até mesmo em quem sempre teve aversão à área de exatas.
Repercussão
Almir Zarfeg, do portal “Veja Essa”, destaca que Décio, “conhecedor profundo do tema sobre o qual se debruça e dono de um estilo discursivo despojado, livre dos excessos formais e/ou metafóricos, mas sem dispensar de todo as rimas, o poeta nos brinda com uma matemática que precisa, com urgência, ser apresentada às escolas deste Brasil tão carente de raciocínio lógico e, também, da boa e velha escrita analógica”.
“A poesia da matemática” também foi notícia nos jornais “A Tarde” e “Tribuna da Bahia”, os portais “Política Livre”, “Aldeia Nagô” e “Entre Textos”, a coluna “Mix Literário, da rádio Mix FM, e outros tantos. Após o êxito do lançamento no Brasil, o Grupo Caravana lança agora a versão em espanhol na Argentina. Sorte dos hermanos.
Ficha técnica
Título da obra: A poesia da matemática
Autor: Décio Torres Cruz
Gênero da Obra: Poesia
Formato: 14×23 cm
ISBN: 978-65-5061-887-2
Número de páginas: 133
Editora: Caravana
Capa e editoração eletrônica: Cecília Rosa
Onde saiu:
https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/a-poesia-da-matematica/
https://aldeianago.com.br/literatura/eventdetail/311198/47/
https://www.portalentretextos.com.br/post/lancamento-a-poesia-da-matematica-de-decio-torres-cruz
https://vejaessa.com.br/almir-zarfeg-comenta-a-poesia-da-matematica-novo-livro-de-decio-torres-cruz
https://atarde.com.br/colunistas/tempopresente/gabinete-portugues-declama-matematica-1278232
https://www.trbn.com.br/materia/I90473/nosso-sarau-recebe-o-escritor-decio-torres-dia-27-de-setembro
http://fligemucuge.com.br/2024/programacao-completa/
fotografia de Guilherme Reis
Guilherme Reis é jornalista, mestre em comunicação pela Universidade Federal da Bahia e colunista de literatura da rádio Mix Salvador FM. Passou pela Rede Bahia (afiliada da Rede Globo), rádio Educadora FM e rádio CBN. Em 2014, ganhou o prêmio Sebrae de Jornalismo por reportagem sobre microempreendedorismo cultural. É também editor no jornal “Tribuna da Bahia” e no site Política Livre.
fotografia de Décio Torres Cruz
Décio Torres Cruz é escritor, crítico literário e professor. Membro da Academia de Letras da Bahia, da Academia Contemporânea de Letras de São Paulo e da Casa do Poeta de Alagoinhas. É Ph.D. em literatura comparada pela State University of New York, com pós-doutorado em Londres, mestre em teoria da literatura, especialista em tradução e bacharel em letras (UFBA). Além de livros de contos e poemas, possui diversas publicações no Brasil, nos EUA, na Inglaterra, na Holanda e na Itália nas áreas de literatura, cinema, tradução, estudos culturais, pós-colonialismo e ensino de inglês. Autor, dentre outros, de Histórias roubadas (2022) e Paisagens interiores (2021). Dentre outros prêmios recebidos, destaca-se o Prêmio Stella Leonardos de Poesia da Academia Carioca de Letras (2023). Contribui com ensaios e artigos para o Caderno 2 do jornal “A Tarde” e possui a coluna literária “Entre prosa e verso” no portal Entretextos.
